segunda-feira, 15 de junho de 2015

NA OCUPAÇÃO DO INCRA-MA, ONDE ESTÃO NOSSOS “PARCEIROS” POLÍTICOS?


Quando é para denunciar atrocidades praticada pelo Estado branco e burguês contra o povo negro, os dedos de uma mão basta para contar essas entidades, sobretudo aquelas que tiveram que modificar seus estatutos e suavizar sua política para “captar” recursos junto ao Estado. Por incrível que pareça, é justamente quando a violência institucional (estatal) recrudesce contra nosso povo, que essas entidades e seus intelectuais insistem em dizer que o Estado (sem adjetivo de raça e de classe) finalmente está se tornando um grande “parceiro” da sociedade civil. Ora, sociedade civil é arena da luta de classe e de raça; e “em cima do muro” dessas lutas sSe eu fosse colocar na “ponta da caneta” a quantidade de movimentos e ONGs que nesses 25 anos de Quilombo Urbano já nos convidaram para fazer parcerias em projetos de captação de recursos para “combater o racismo” e “tirar a negrada do crime”, a caneta falharia e a lista não se completaria. Salvo raras exceções, nossa resposta sempre foi NÃO, e esse NÃO será entoado com muito mais força depois do silêncio criminoso que muitas dessas organizações estão fazendo em relação a ocupação do INCRA-MA desde domingo passado pelos quilombolas, camponeses e indígenas. Nem mesmo os que entraram em greve de fome conseguiram romper o silêncio dessa gente. ó dá pra ficar se for calculando quanto vale uma “peça negra” num projeto qualquer. 272 mil negros assassinados em 10 anos nesse país é pouco? Nenhuma terra de remanescente de quilombola titulada pelo INCRA no Maranhão durante o governo Dilma é pouco? Dezenas de lideranças marcadas para morrer é pouco? É desse Estado etnocida que nos tornamos “parceiros”? Das pessoas que estão em greve de fome no INCRA desde terça-feira muitas são mulheres. Sim, são mulheres que aprenderem desde cedo que o machismo e o racismo se combate enfrentando as balas do senhorzinho do agronegócio e da sinhazinha que se “empoderou” no latifúndio da escravidão. É difícil não se emocionar e se indignar ao vê-las naquelas condições. Nós do Movimento Hip Hop “Quilombo Brasil/Luta Popular”, Movimento Nacional “Quilombo Raça e Classe”, Movimento Hip Hop Quilombo Urbano, CSP Conlutas, ANEL, CPT, MOQUIBOM e tantas outras organizações estamos solidários e juntos nessa luta, pois é ali que estão os nossos verdadeiros PARCEIROS (AS) da luta pela destruição do latifúndio, das opressões e do capitalismo; parceria essa que não cabe nos “projetinhos” em que a moeda de troca é silêncio político.“Negros senhores na América a serviço do capital não são meus irmãos. Negros opressores, em qualquer parte do mundo, não são meus irmãos”.(Solano Trindade).

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