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sábado, 5 de dezembro de 2009

QUILOMBOLAS DO BRASIL CANTAM, DANÇAM, GRAFITAM E MARCHAM EM DEFESA DAS PERIFERIAS

Foram três dias formidáveis e São Luís teve a honra de ser o palco desse espetáculo político-cultural da juventude negra e pobre. Organizações do Maranhão, Piauí, Ceará, São Paulo e Rio de Janeiro protagonizaram um dos mais politizados encontro de Hip Hop já ocorrido no Brasil. No entanto, os dias 19, 20 e 21 de Novembro foi o clímax de uma série de atividades iniciada em maio deste ano com vista à construção da 4ª Marcha da Periferia e a comemoração dos 20 anos de existência do Quilombo Urbano. Nesse período oito bairros de São Luis (Liberdade, Areinha, João Paulo, Vila Embratel, Cidade Olímpica, Bequimão, Rio-Anil e Novo Angelim) foram visitados pelo Quilombo Urbano e parcerias. Em cada uma dessas atividades ficava demonstrada a capacidade de organização da juventude pobre, dos favelados de todas as idades, sem dinheiro de governo nem de ONG. Ao contrário, nessas atividades era exigida, sim, a presença do braço social do Estado para melhorar as condições de vida de seus moradores e não para estruturar (leia-se cooptar) nossa organização e a direção de nossas posses. Fruto dessas atividades o Quilombo Urbano elaborou uma carta de reivindicações da 4ª Marcha da Periferia que foi protocolada junto à assembléia legislativa no dia 19 de novembro. O ano de 2010 será marcado pela cobrança dessas reivindicações ( veja a carta da 4ª marcha acima).
Ainda no inicio da semana da consciência negra, que coincide com a semana de realização da Marcha da Periferia, algumas organizações de outros estados, a exemplo do Coletivo Lutarmada do Rio de Janeiro e o Cangaço Urbano do Ceará, nos ajudaram a palestrar em algumas escolas públicas. No dia 19 foi realizado o debate de abertura no Quilombo Cultural Lago Amarela com o tema da marcha “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia”. Na mesa, representantes do Quilombo Urbano, Lutarmada e da Aliança dos Estudantes Livres (ANEL). No dia 20 pela manhã, no sindicato dos bancários o tema do debate foi “Hip Hip, Gênero, etnia e classe” com altíssimo nível culminando numa proposta de que o Quilombo Brasil encaminhe um programa especifico para a mulher de periferia. A tarde desse mesmo dia foi realizada a 4ª Marcha da Periferia com muitas falas na concentração e na caminhada. Centenas de pessoas seguiram pelo centro comercial de São Luís rumo ao Circo Cultural da Cidade onde seria realizado o 20º Festival de Hip Hop-Zumbi. A simpatia da população impressionava, muitos paravam e ficavam a escutar as reflexões sobre o processo de criminalização das periferias e a necessidade de organização política para reverter esse quadro. Além de organizações de Hip Hop, estiveram presentes diversos militantes dos movimentos sociais, sindicais e partidos de esquerda, a exemplo do CCN, Conlutas, ANEL, PSTU, APRUMA, Oposição dos Urbanitários, etc. No Circo da Cidade, quase lotado, cerca de 20 grupos de Hip Hop das entidades que compõe o Quilombo Brasil se apresentaram e celebraram esse grande momento que marcou os 20 anos de existência do Quilombo Urbano. No dia 21 (sábado) o palco foi o Borralhos Eventos, no criminalizado bairro da Liberdade, onde aconteceu um debate político da melhor qualidade. Pouco antes, grafiteiros do Quilombo Brasil deixavam sua marca coletiva e politizada na entrada desse bairro.
No mesmo espaço em que há um ano atrás nascia o Quilombo Brasil, era realizado esse encontro com quase o triplo de participantes. Nessa plenária foi avaliado os 12 meses de Quilombo Brasil, os avanços e entraves, a grande possibilidade de crescimento desta organização em 2010 diante da crise instalada nos seios do Hip Hop governista e mercadológico, a reafirmação dos princípios norteadores do MHMQB, que estabelece as organizações da nossa classe como aliança de centro e um calendário de lutas para o primeiro semestre de 2010. O Quilombo Urbano agradece do fundo dos nossos “corações destemidos” todas as organizações do Quilombo Brasil e simpatizantes que estiveram conosco nesses valorosos dias de aprendizado. Agradecemos também a todas as organizações do movimento sindical e social que, direta ou indiretamente, contribuíram para que cada um desses momentos se tornasse realidade.