domingo, 6 de janeiro de 2008

Polícia Racista em São Luís-MA persegui integrantes do Mov. Hip Hop


Polícia Racista em São Luís-MA persegui integrantes do Mov. Hip Hop
Por Artêmio Costa 24/07/2006 às 15:03


A polícia age de forma truculenta no Bairro da Liberdade/Fé em Deus contra integrante do Movimento Hip Hop. Em consequência, os mesmos protestaram nesta última sexta-feira (21) denunciando ato de racismo, violação de direito de propriedade e derespeito aos direitos humanos.


Na última Sexta-feira três integrantes do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão, denominado "Quilombo Urbano" denunciaram um ato sofrido de Racismo e levaram o caso para o conhecimento da sociedade através de um ato-protesto em frente ao Governo do Estado.

Logo em seguida, esteve presente o Comandante Geral da Polícia Militar do Maranhão que agendou uma reunião com as vítimas no Comando Geral da Polícia Militar que será realizada hoje (24).

As vítimas reafirmaram que os protestos não irão acabar e que as medidas devem ser em desenvolver ações populares contra qulquer tipo de agressão.

VEJA ABAIXO A ÍNTEGRA DO DOCUMENTO APRESENTADO POR UMA DAS VÍTIMAS:

MOVIMENTOS SOCIAIS ORGANIZAM ATO REPUDIANDO AÇÃO RACISTA DA POLÍCIA MILITAR CONTRA MILITANTES DO MOVIMENTO ORGANIZADO DO MARANHÃO HIP HOP ?QUILOMBO URBANO?


No último dia 15 de julho, sábado, Hertz da Conceição Dias, Professor, Reginaldo Neves Rocha, estudante e Afonso Henrique Vale Coqueiro, cabeleireiro, todos militantes do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão ?Quilombo Urbano?, sendo Hertz também filiado democrático ao Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), foram vítimas de mais uma ação truculenta e racista da polícia militar do estado do Maranhão.
O fato ocorreu no bairro da Fé em Deus, por volta das nove horas da noite de sábado (15 de julho), quando os três retornavam da residência dos familiares de Júnior ?Negro Drama?, vítima fatal de acidente automobilístico que seria homenageado pelo Quilombo Urbano em um baile de Hip Hop no dia 16 de julho (Domingo).
As vítimas se encontravam dentro de um veículo Corsa Classic ano 2006 conduzido pelo seu proprietário Hertz, quando inesperadamente quatro policiais abordaram o veículo, apontando armas na direção das cabeças dos mesmos e, bradando de maneira ameaçadora, exigiam que todos saíssem do veículo. Atendida as exigências dos policiais descontrolados e despreparados, Hertz questionou-os pelo tipo de abordagem, afirmando que ali não se encontravam criminosos e que o carro tinha procedência legal. A resposta deu-se com empurrões, algemas nos braços, seguidos de soco no tórax e nas costas, desferidos pelo policial identificado como Eliton José da Silva.
Reginaldo ao questionar a detenção e espancamento do companheiro, também foi algemado e ameaçado de receber o mesmo tratamento dispensado a Hertz. Não demorou muito e centenas de pessoas aglomeraram-se no local manifestando-se contra ação truculenta da polícia, que logo acionaram mais seis viaturas, estabelecendo um clima de tensão no local do acontecimento. Como bem frisou bem frisou um morador ?parecia que estavam vindo pra uma guerra?. A mãe de Afonso, vendo a confusão, dirigiu-se aos policiais pedindo que não agissem daquela maneira e novamente a resposta não foi diferente, Dona Elísia Brasilina, foi ameaçada de agressão , desta vez pelo policial Valmir Costa Ferreira que logo em seguida efetuou a detenção de Afonso.

RACISMO, VIOLAÇÃO DE DIREITO DE PROPRIEDADE E DESRESPEITO AOS DIREITOS HUMANOS.

O racismo na ação empreendida pelos policiais ficou tão evidente que os mesmos nem sequer pediram os documentos pessoais das vítimas e nem do veículo apreendido, além de reagirem com ironia quando Hertz se identificou como professor de História, pois em suas cabeças racistas, negros não podem possuir propriedades nem muito menos ter formação universitária, ainda mais transitando em bairros de periferia, de tal forma que um dos policiais chegou a fazer o seguinte questionamento ?vocês queriam o que, ser abordados com flores??.
Após o show de violência, desrespeito aos direitos humanos e com as vítimas algemadas dentro da mala de uma das viaturas, alguns policiais chegaram a fazer gestos obscenos para os populares que desaprovaram suas atitudes racistas. Um outro policial, não identificado, adentrou o veículo de Hertz e conduziu-o até o Plantão Central da Beira-Mar, este ato, portanto se caracteriza como violação de direito de propriedade, já que não caberia a polícia militar tal procedimento.

TRUCULÊNCIA, ARROGÂNCIA E ABUSO DE AUTORIDADE

Ao chegarem ao Plantão Central da Beira-Mar, o tratamento dispensado não foi diferente. As vítimas continuaram algemadas, sem direito a telefonarem e sem poderem falar ou se aproximar de familiares e amigos que também foram ameaçados e tratados com arrogância, inclusive por parte do delegado de polícia. Dr. Mauro Bordalho Mendonça que impunha sua próprias regras em um espaço público como se fosse seu feudo particular, um procedimento que lembra os anos de chumbo da Ditadura Militar.
Certamente que esta não foi a primeira e nem muito menos a mais violenta das ações policiais naquela localidade que padece pela falta de infra-estrutura, escolas, saneamento básico, áreas de lazer, empregos, em fim, com o total descaso dos poderes públicos que direcionam investimentos apenas para aparelhamento repressivo das polícias. No dia seguinte, inúmeros moradores passaram a relatar que também já foram vítimas da violência policial, especialmente na Rua da Vala/Fé em Deus. Todos afirmam que nunca denunciaram por temerem represálias ou por que geralmente os policiais não usam insígnia de identificação.
Cabe ressaltar, que o Quilombo Urbano têm desenvolvido inúmeras atividades com jovens da área Liberdade/Fé em Deus, no sentido de estimular a auto-organização da comunidade através do diálogo político-cultural do Hip Hop, bem diferente da polícia que nos bairros de periferia tem praticado apenas o diálogo das armas e da força bruta.
Compreendendo que esta ação policial exige uma reação imediata de todas as organizações populares e movimentos sociais que lutam pela eliminação dos resquícios escravagistas, que permanecem enraizados no aparato repressor do Estado, alimentando a estrutura psicológica racista de policiais que vêem em todo negro um criminoso em potencial, convidamos todos a participarem do ato RACISMO NUNCA MAIS, que acontecerá no dia 21 de julho, sexta-feira, a partir das 09 horas da manhã em Frente ao Palácio do Governo na Praça Pedro II.

ASSINAM O DOCUMENTO

Movimentos Hip Hop?s: Quilombo Urbano, Força Gueto, Realidade do Gueto, Grupo de Mulheres Negras Mãe Andreza, Grupo de Mulheres Preta Anastácia, Centro de Cultura Negra do Maranhão, Bancada Hip Hop do Barreto; Rádios Comunitárias: Conquista FM, Atividade FM, Liberdae FM; Sindicato dos Urbanitários, APRUMA, CINDACS DCE-CEFET, CAFIL-UFMA, SMDDH/MA, PSTU, PSOL, CONLUTAS, CONLUTE.

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