domingo, 30 de agosto de 2009

Uma semana para ficar na memória da cultura carioca*

O Haiti é aqui? O Haiti não é aqui?
No mesmo dia da realização da audiência pública que debateu o Funk como cultura e referendou um ano de lutas da APAFUNK, outro evento, realizado na caída da noite, também é digno de entrar para história das manifestações culturais do rio de janeiro: o hip-hop pela retirada das tropas brasileira do Haiti, organizado pelo coletivo Lutarmada de Hip-Hop.
O papel cumprido pelas tropas "da paz" no Haiti, depois de 5 anos de ocupação, não escondem atrás do nome a sua verdadeira missão: controle e gestão da miséria e genocídio e extermínio do povo negro. Não à toa, os soldados brasileiros lá treinados vem continuar seu combate aqui na guerra desinfreada do governo do estado do rio de janeiro contra as comunidades. E não à toa, por óbvio, os mesmos nomes para mascarar os acontecimentos: "paz, pacificação e pacificador".
Entre a apresentação dos rappers, falas dos companheiros e companheiras de luta, vídeos e batalha de b-boys e b-girls marcaram a emoção da atividade. O reconhecimento implícito da mesma dor e da mesma realidade que além mar assola todos os países de maioria inegavelmente negra, custurou todas as falas e alinhavou o evento. Lágrimas de sangue, uma das últimas músicas cantadas, marcou essa compreensão.
Para quem acompanha ou acompanhava o movimento hip-hop do Rio de Janeiro, muito emoção e felicidade ficaram nítidas. Um hip-hop combativo, altamente engajado e militante, com fortíssima qualidade musical estava alí expresso. B Negão relatou, por exemplo, as várias emoções que teve durante a atividade e como foi aquele discurso que o trouxe para o movimento hip-hop, antes de vários de sua geração se perderem pelos caminhos do mercado.
Lembrando Zumbi, Dandara, Lamarca e Guevara, Delirio Black, também do coletivo Lutarmada de Hip-Hop, homenageou todos os que transformaram sua vida em luta. E relembrou a necessidade, mais que óbvia diante daquele encontro, de lutar: "se a nossa morte foi declarada, vamos lutar e viver todos os dias com dignidade".
Essas vozes, de certo, foram escutadas no Haiti. Pois não são diferentes - e por isso o recrudescimento do extermínio e do genocídio - de todo o povo que resiste em toda a parte do mundo, seja na áfrica, no caribe ou na américa latina, por outra forma e vida e de sociedade. São as vozes daquele que não se calam e cantam e dançam a necessidade de liberdade: "Liberdade, palavra que o sonho humano alimenta: não há ninguém que explique, não há ninguém que não entenda".

* Isabel Mansur - para Gaspa, Wesley e todos os companheiros e companheiras que lutam, sonham e cantam.

2 comentários:

Guálter Alencar disse...

Camaradas, sou do Piauí e sigo vocês. Adimiro muito o Quilombo urbano.

Vendo novamente este blog fenti a falta do logo da conlutas. Se não me engano são filiados.

Proponho colocar do lado do nome Quilomo urbano: filiado à...( e o logo).

Acho que colocar nos materiais também seria legal. o Quilombo e a Conlutas são meus grandes orgulhos.

Vejo vocês nas lutas.

Anônimo disse...

Bem lembrando camaradas, vamos providenciar.
Abraços