quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Hip Hop Quilombola na Mira da PM’? CHEGA!!!

Depois de mais uma sexta-feira de tentativa de intimidação de nossos militantes no Quilombo Cultural Lagoa Amarela por parte da Policia Militar da governadora Roseana Sarney resolvemos lançar um manifesto que será entregue a referida governadora na próxima quinta feira (15/10). Publicamos abaixo o documento na integra e solicitamos a solidariedade de todas as organizações políticas que combatem a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais.

SÃO LUÍS 14 DE OUTUBRO DE 2009

EXCELENTÍSSIMA SENHORA GOVERNADORA ROSEANA SARNEY

Em setembro de 2008, durante as atividades de preparação da III Marcha da Periferia, evento este que nós do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão Quilombo Urbano, juntamente com outras entidades do movimento popular e sindical realizamos desde 2006 com a juventude de nossas comunidades pobres, tomamos a iniciativa de ocupar a Praça da Criança no centro histórico de São Luis para realização de atividades políticas e culturais de Hip Hop com a juventude que para ali se direcionam. Antes dessa ocupação, ocorrida no dia 05 de setembro, dia da raça, a Praça da Criança se encontrava completamente abandonada pelo poderes públicos, mas a partir dessa iniciativa, de jovens negros e pobres excluídos cultural e economicamente do turismo econômico que ali se instalou, a Praça da Criança passou a ser um dos espaços públicos mais “vivos” do “Projeto Reviver”. Batizada de “Quilombo Cultural Lagoa Amarela” em homenagem ao herói afro-maranhense Negro Cosme, nela é possível visualizar diversos grafites, a arte visual do Hip Hop, com mensagens que refletem a situação e os anseios da juventude negra e pobre, além das apresentações de danças, grupos de rap, exibição de vídeos e apresentações de artistas de outros gêneros culturais. Nesse espaço já ocorreram inúmeras atividades políticas de grande repercussão, a exemplo do ato em solidariedade ao povo do Haiti, país este que no momento se encontra ocupado pelas forças militares da Organização das Nações Unidas (ONU) lideradas pelo Brasil, a MINUSTAH.




A marca principal desses eventos é o fortalecimento dos laços de sócio-afetividade entre a juventude de periferia. Alguns meses após a ocupação dessa praça, o então secretário de cultura do governo de Jackson Lago, Joãozinho Ribeiro, em reunião com alguns de nossos militantes, propôs uma parceria entre nossa organização (Movimento Hip Hop Quilombo Urbano) e a secretaria de cultura do Estado para realização das atividades políticas e culturais. Na oportunidade agradecemos a referida proposta, tendo em vista que o objetivo inicial do projeto Quilombo Cultural Lagoa Amarela era de completa autonomia e independência em relação ao poderes públicos, nossa única exigência seria a de estruturação da praça com construção de banheiros públicos, bancos e iluminação, o que infelizmente até o momento não ocorreu. Mesmo com a negativa de nossa parte, durante todo esse período nunca fomos molestados pelo governo anterior nem muitos menos pela sua força policial, pelo contrário, fomos diversas vezes elogiados pela iniciativa de ter transformado um espaço “sem vida” em um ambiente onde a juventude de periferia se encontra todas as noites de sexta feira para permutar informações e manifestar suas angustias cotidianas e seus desejos de transformação de suas realidades sócio-estruturais. No entanto, nos últimos meses, essa realidade tem se transformado radicalmente. Em nenhum ambiente cultural, público ou privado, do Projeto Reviver, a Polícia Militar tem atuado com tanta repressão como no “Quilombo Cultural Lagoa Amarela”. Para se ter uma idéia, só nas últimas três sextas-feiras foram três “batidas” com ameaças de detenção dos organizadores dessa atividade, de apreender os nossos aparelhos de áudio e vídeo, de desrespeito na hora das “revistas” do público presente, de caracterizar a atividade de “festinha” e seus participantes de “marginais”. No dia 02 Setembro dois policiais militares, o soldado Augusto e sargento Neves, chegaram a alegar que iriam chamar a Tropa de Choque para terminar com a atividade por que dali, segundo eles, teriam saído duas pessoas esfaqueadas e que estavam passando muito mal no hospital Socorrão, quando na verdade nunca ocorrera nenhum incidente entre os jovens que freqüentam aquele espaço cultural. Ao contrário, como deve ser de conhecimento de vossa excelência, nesse mesmo dia, 02 de setembro, um policial a paisana teria ceifado a balas a vida de uma pessoa em uma conhecidíssima casa de evento do Projeto Reviver, mas, ironicamente, na semana seguinte a esse trágico acontecimento, uma viatura comandada pelo policial militar Valdir e outros três policias militares sem insígnia de identificação, se fizeram presente no Lagoa Amarela com as mesmas práticas e ameaças de seus antecessores. É de causar estranheza e indignação o fato de que ao lado do Lagoa Amarela funciona uma casa de eventos freqüentada por jovens brancos de classe média, que para endentar aquele espaço fazem uma fila “quilométrica” e a polícia não faz uma única investida, não pede documentos e não realiza “revistas”. O que fica explicito nisso tudo é que a policia ali se faz presente para mostrar a juventude de periferia, em sua maioria negra, que o turismo econômico do Projeto Reviver não os autorizam a freqüentar aquele ambiente e nem muitos menos realizar atividades políticas e culturais ao lado de uma concentração de jovens brancos de classe média. Certamente não somos contra que a polícia realize seu “trabalho” nesse ou qualquer outro espaço, mas não podemos admitir que indivíduos ou grupos de indivíduos tenham tratamento diferenciado em razão de sua condição étnico-social ou da manifestação cultural a qual se identificam. Temos clareza de que a violência é hoje uma realidade presente entre qualquer grupo social, principalmente entre a juventude que residem nas periferias, pois não são assistidas por políticas públicas, e que, por essa razão, nossas atividades não estão isentas de tais manifestações. Mas seria de admirar, e não de criminalizar, uma atividade que após 14 messes de existência nunca ocorrera um único incidente, a não ser os que foram protagonizados pela própria Polícia Militar, o que é extremamente lamentável. Por outro lado, entendemos que o que falta a juventude de periferia é uma política sócio-estrutural que envolva geração de emprego e renda, educação de qualidade, lazer e cultura que possa amenizar seus sofrimentos, pois até então a única política que os sucessivos governos têm oferecido a essa camada social é a repressão policial, que por sua vez tem demonstrado a sua completa ineficiência no combate a violência. Por fim, solicitamos desse governo a concessão, até o fim do seu mandato, para que possamos continuar a realizar tais atividades sem interferência dos poderes públicos e sem a ação truculenta e preconceituosa da polícia. O Projeto Reviver dever ser, antes de tudo, entendido como um patrimônio histórico construído por pessoas negras acorrentadas aos grilhões e submetidas aos chicotes das elites eurocêntricas, realidade essa que nós descendentes afro-maranhenses, brancos pobres da periferia e militantes de organizações do campo democráticos não mais permitimo-nos submeter.

Cientes de Vossa compreensão e atendimento a nossa reivindicação,
Agradecemos antecipadamente.

Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”
Movimento Hip Hop Militante “Quilombo Brasil”

Um comentário:

jim disse...

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