terça-feira, 10 de novembro de 2009

4ª MARCHA DA PERIFERIA 20/11/2009


O Movimento Hip Hop Militante Quilombo Brasil é uma organização nacional que envolve diversas entidades de Hip Hop, sua criação ocorreu em novembro de 2008 na cidade de São Luís. A mesma nasce da necessidade de se consolidar em nosso país um instrumento político e cultural que proporcionasse à juventude negra e pobre das periferias a se organizar para enfrentar aqueles que os oprimem e exploram. Essa preocupação foi intensificada quando a crise capitalista atual foi desencadeada, pois sabemos que esses setores são os mais penalizados.
Hoje o MH²M Quilombo Brasil está organizado em sete estados (MA, RJ, SP, PI, PR, CE e DF) e já tem desencadeado algumas iniciativas até então não cogitadas no interior do Hip Hop brasileiro como a campanha “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia” e os diversos eventos contra a ocupação das tropas da ONU no Haiti ocorrido no período de 25 de agosto a 07 de setembro envolvendo cerca de dez cidades brasileiras. Para consolidação dessa organização estamos propondo o I Encontro Nacional de Entidades de Hip Hop Militante a ser realizado em São Luís do Maranhão no período de 19 a 21 de novembro, tendo como entidade organizadora, o ‘Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”.
As condições de existência da juventude pobre e negra que reside nas comunidades periféricas do Brasil são cada vez mais degradantes. As históricas reivindicações dessas comunidades por políticas públicas foram inversamente atendidas com mais criminalização midiática e repressão estatal. Desde 2005 bairros pobres de todos os estados brasileiros foram ocupados militarmente pela Força de Segurança Nacional. No entanto, mesmo antes desse acontecimento muitos governos já haviam adotado “Toque de Recolher” sufocando o lazer e as práticas culturais desses bairros ocupando-os com forças policias. Os governos, em suas três esferas (municipal, estadual e federal), manipulam a problemática das drogas e do crime para desviar os olhares populares das questões sócio-estruturais de centro que levam a juventude pobre a submeter-se a tal condição. No entanto, verifica-se uma lacuna existente entre essa lamentável situação e a ausência de respostas políticas em favor desse setor. Em uma palavra, a periferia padece também pela inexistência de intelectuais coletivos, ou seja, de movimentos sociais combativos e de crítica global do modelo de organização capitalista.
Em se tratando especificadamente da população afro-descendente se desagregamos os dados estatísticos por etnia as condições de existência destes se aproximam do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países mais pobres da África ou da Ásia. Os afro-descendentes dos estados de Alagoas, Maranhão e Ceará apresentam um IDH considerado quase baixo (entre 0,500 e 0,599). Já o IDH dos brancos brasileiros em seu conjunto é considerado quase alto (entre 0,750 e 0,799), muito próximo da situação dos países europeus.
Tudo isso prova que as desigualdades raciais no Brasil se mantêm mesmo doze décadas depois da “abolição” da escravatura. Os mecanismos de dominação ideológica e econômica se mantiveram e se reproduzem cotidianamente. Desta forma, está claro que é para o setor socialmente mais desassistido que o “punho de ferro” do Estado tende a robustecer.
É para esse setor, conforme nos mostra Wacquant (2003), que vimos restabelecer uma espécie de “ditadura pura”, mesmo 20 anos depois da queda das ditaduras militares em toda a América Latina. Foi para as mulheres com perfil dessas camadas populares que o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), direcionou suas palavras de que o útero dessas pessoas eram fábricas de bandidos, devendo, portanto, ser esterilizadas.
Por outro lado, se não bastasse à repressão estatal e a criminalização midiática, deparamo-nos com um processo de “guerra interna” envolvendo a juventude das periferias de todo o Brasil. Os ideólogos do capital, a mídia comercial burguesa e os partidos conservadores conseguem fazer com que a juventude imersa no barbarismo neoliberal se veja como inimigos.
Os espaços de manifestação da violência intraperiférica são cada vez mais reduzidos, o “inimigo” mora cada vez mais próximo. A revolta social de muitos destes jovens ao invés de ser canalizada contra os representantes do capital, contra aqueles que aplicam inapelavelmente as políticas neoliberais, é descarregada nas “batalhas” das “guerras internas” de bairro contra bairro, de comunidade contra comunidade, de morro contra morro, de rua contra rua, de vizinho contra vizinho e assim sucessivamente.
Essa é a política invariável do imperialismo cultural: cortar pela raiz qualquer possibilidade de ações políticas coletivas que se contraponha à dominação externa e interna, pois para manter a periferia vivendo na situação limite do barbarismo neoliberal é necessário frear atos limites de ruptura política com o capital.
No entanto, nem tudo é derrota para a juventude das periferias brasileiras. Em novembro de 2008, durante a realização da Marcha da Periferia em São Luís do Maranhão, organizações de Hip Hop do Maranhão, Piauí e Ceará resolveram plantar a semente de uma organização nacional de Hip Hop militante, anti-racista, anti-capitalista e antiimperialista que prime fundamentalmente pela organização coletiva da juventude pobre deste país.
Depois de dois encontros, um realizado em Belém-PA em janeiro de 2009 durante o Fórum Social Mundial e outro realizado em Teresinha-PI em março deste mesmo ano, surge o Movimento Hip Hop Militante “Quilombo Brasil”, que já congrega entidades de Hip Hop de sete estados brasileiros (PI, MA, RJ, SP, PR, CE, DF), todas com completa independência em relação aos governos e ao capital.
Sendo assim, conforme acordado entre essas entidades, haverá um grande encontro de fundação MHM Quilombo Brasil no período de 19 a 21 de novembro na Semana da Consciência Negra em São Luís do Maranhão. A cidade de São Luís foi escolhida para sediar esse encontro em função da comemoração de 20 anos existência do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”, uma das entidades que impulsionou a fundação do MHM “Quilombo Brasil” e que atua desde 1989 nas periferias desse estado.
Além de toda a programação deste evento que pretende envolver diversas organizações do movimento popular e sindical, esse momento será marcado também pelo lançamento oficial da campanha “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia”, onde se pretende debater e traçar táticas para fazer com que a mesma atinja seu público alvo: a juventude das periferias.

PROGRAMAÇÃO

Dia 19 Novembro

18:00h Debate:
Quilombo Brasil na Luta Pelo fim da guerra interna na Periferia.
 Hertz Dias – MH²O Quilombo Urbano- MA
 Gas-pa- Coletivo de Hip Hop Luta Armada- RJ
 Rielda Alves- Assembléia Nacional dos Estudantes Livres- MA.
Local: Auditório Che-Guevara, do Sindicato dos Bancários (Rua do Sol, Sn, Centro)

Dia 20 Novembro

9:00h Debate: Mulher no Hip Hop: Genero, Classe, Etnia.
Núcleo de Mulheres Preta Anastácia – QUILOMBO URBANO
GT de Mulheres da CONLUTAS-MA
Cangaço Urbano – MH²M QUILOMBO BRASIL
Local: Auditório Che-Guevara, Sindicato dos Bancários.

12:00h: Almoço

15:00h: Realização da IV Marcha da Periferia
Concentração: Praça Deodoro, Centro (em frente a biblioteca pública Benedito Leite).

19:00h: 20º Festival Hip Hop-Zumbi
Apresentação de aproximadamente 25 grupos de Hip Hop de diversos estados Brasil.
Local: Circo Cultural da Cidade - Bairro Praia Grande ao lado do Terminal de integração

Dia 21 Novembro

09:00h: Plenária Final do Quilombo Brasil para retirada do calendário de Lutas e de Articulação para 2010.
Local: Borralho Eventos- Bairro Liberdade.

MOVIMENTO NACIONAL DE HIP HOP “QUILOMBO BRASIL
NEM GUERRA ENTRE AS GANGUES, NEM PAZ ENTRE AS CLASSES
MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO MARANHÃO “QUILOMBO URBANO” 20 anos de Correria, 20 anos de Periferia!

Um comentário:

Marcus Historico disse...

Moçada,
evento divulgado no Blog Marcus Historico a pedido da educadora Lucelma.
Abraço e Sucesso
Marcus Saldanha
www.marcushistorico.blogspot.com.br
marcushistorico@hotmail.com