quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MEUS HERÓIS NÃO MORRERAM DE OVERDOSE


Graffiti produzido no dia 17 de novembro, em atividade da VI Marcha da Periferia realizada na Escola Prof.ª Margarida Pires Leal/IEMA, localizada no bairro da Alemanha. Atividade esta, que se somou como parte da programação da Semana da Consciência Negra organizada pelo Movimento Organizado de Hip Hop do Maranhão Quilombo Urbano- filiado a Central Sindical e Popular CONLUTAS, Movimento Estudantil Combativo, Sindicatos de luta, Esquerda Revolucionária e Representantes de comunidades por onde a marcha percorreu no decorrer de sua construção durante o ano. O tema abordado pela VI Marcha da Periferia neste ano de 2011 foi Contra a Criminalização da Pobreza. E como temos por objetivo ressaltar os nossos mártires negros e uma das formas de criminalizar a pobreza é colocar as drogas dentro das periferias, utilizamos então, a seguinte frase no graffiti: ‘’Nossos heróis não morreram de overdose’’. (Muito emocionante esta atividade, com vários momentos inesquecíveis e um deles foi quando começou a ser a escrito a frase na parede e os estudantes estimulados pelo graffiti, começaram a cantar um trecho música Herói de Preto é Preto, do grupo de rap Gíria Vermelha onde diz “Meus heróis não morreram de overdose como tem o opressor, herói de grife, de moda, que te ensina a ser racista”)
Um dos exemplos que podemos citar que tem essa relação de destruição do povo através das drogas e desestruturação de organização popular nas periferias das cidades é infiltração de drogas nos guetos nova iorquinos com o apoio do governo dos EUA, no momento em que a população negra se organizava e lutava pelos direitos civis no início dos anos 1960, que logo depois no ano de 1966, fundaram o Partido Pantera Negra para Auto-defesa (Black Panthers). Em nível de Brasil podemos citar outro exemplo no mesmo sentido, que foi no início do Movimento Negro em São Paulo, onde os homens que mais se destacavam nos Bailes Blacks eram os homens que não consumiam bebidas alcoólicas e outros tipos de drogas. Porém, isso foi sendo destorcido e destruído com o passar do tempo com a infiltração de drogas nos bairros e principalmente nas periferias, como política de Estado que cumpre o papel de criminalizar e exterminar a juventude negra, que historicamente tem sido submetida a viver à margem da sociedade.
Mas o que está acontecendo nas últimas décadas é que a juventude, principalmente a juventude negra e pobre consumindo bebidas alcoólicas e envolvida no tráfico de drogas que antes era coisa dos que tinham melhores condições financeiras, mas que foi ampliado para a massa tanto para desmobilizar a população, quanto para o aumento de lucros dos verdadeiros traficantes que não moram nas favelas e sim em prédios e casas de luxo. Nossos inimigos não são nossos irmãos da periferia, nossos inimigos estão do outro lado da ponte e eles se utilizam do tráfico para nos explorar, nos destruir e nos matar, tendo como exemplo o CRACK que tem ganhado cada vez mais espaço dentro das favelas e na vida da população negra.
É preciso que a periferia se organize para combater e reverter essa situação que é imposta para nós. Lutar é preciso!

‘’Gegê’’-Militante do MOv. Org. de Hip Hop Quilombo, Membro da Executiva CSP Conlutas/MA, Militante do MH2M Quilombo Brasil...

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