SONHOS E PROTESTOS, TRINCHEIRA E POESIA, SÃO MARCAS DE QUEM VIVE E LUTA NA PERIFERIA
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
COMPANHEIRO MARCOS SILVA É PERSEGUIDO POR BUROCRATAS DO STIU-MA
MEMBROS DA CÚPULA SINDICAL DO STIU-MA FAZEM PERSEGUIÇÃO POLÍTICA A MARCOS SILVA: calúnias e assédio moral.
Há quase três anos ingressei na CAEMA através do concurso público de 2006. Para a minha surpresa, encontrei uma empresa com o pior piso salarial do Brasil, a maioria dos trabalhadores (as) recebendo até abaixo do salário mínimo, péssimas condições de trabalho (falta de laudo de insalubridade, trabalhadores conduzidos em carroceria de caminhão, falta de EPI e um total desrespeito por parte de alguns chefes aos seus subordinados) . Além do mais, uma empresa desmoralizada diante dos seus desafios. O mais grave: era uma total acomodação imposta aos trabalhadores (as). Eram constantes as afirmações por parte de trabalhadores antigos do tipo: “Isto sempre foi assim, não adianta que não vai mudar.”
Diante desse quadro, uma pessoa com a minha história de luta jamais poderia se acomodar. Minha primeira atitude foi logo no seminário de operadores de elevatórias, realizado pela empresa, quando da convocação dos concursados, estimular a sindicalização. No primeiro dia de trabalho me juntei aos companheiros na luta por um transporte digno, pois a condução oferecida aos operadores era um caminhão sujo de lama. Uma grande falta de respeito aos trabalhadores. Procurei os dirigentes do sindicato para que negociassem com a chefia e nada eles conseguiram a não ser um “pau de arara”. Tivemos que ocupar a presidência da empresa, com uma grande mobilização e conseguimos um transporte digno (um micro ônibus com ar condicionado) . Este foi o meu primeiro susto com a cúpula sindical.
O segundo susto: quando na Assembléia de aprovação da pauta do ACT (2007/2009) apresentei algumas propostas entre elas: o abono natalino (ticket extra de dezembro), proibição da condução de trabalhadores em carroceria de carros abertos e a revisão dos pisos salariais, buscando recuperar as perdas salariais históricas. Surpreendentemente o presidente do sindicato da época (Fernando Pereira) encaminhou contra as minhas propostas. Foi realmente um grande susto! Fiquei pensado: será que é porque são minhas propostas ou o que está por trás? Mas, como é da minha característica não abandonar a luta, afirmei na Assembléia que a partir daquela data, todas as diferenças seriam votadas e mantive a defesa. Para minha felicidade, quando foi votada a proposta do ticket extra, a maioria absoluta votou a favor.
Aí quem se assustou foi a cúpula sindical. O susto foi tão grande que em seguida Sueli Gonçalves propôs acatar as demais propostas, sendo que os pisos salariais seriam revistos no Plano de Cargos e Salários (PCS).
Mas, saí daquela Assembléia na certeza de que seria necessário construir um movimento dentro da CAEMA que mobilizasse os caemeiros e caemeiras na luta por melhores salários, condições de trabalho e na defesa da CAEMA pública e moralizada.
De 2007 pra cá não arredamos da luta e consolidamos através de um grupo de companheiros e companheiras o Luta Urbanitária. Em 14 de agosto de 2009 lançamos o movimento pela implantação já do PCS, pois a categoria já esperava há mais de 20 anos e este direito estava assegurado no Acordo Coletivo 2007/2009. Foi neste sentido que ajudamos a construir a greve com todos os problemas: 12 dias de paralisação “a gelo e água”. Não conquistamos o necessário, mas não entregamos os nossos direitos para a empresa e o governo. E ainda abrimos um caminho para avançarmos na consolidação das nossas necessidades. Enfim companheiros e companheiras, tenho orgulho de fazer parte desta luta ao lado de lutadores e lutadoras na CAEMA.
No entanto, tenho sofrido uma terrível perseguição por parte de membros da cúpula sindical que vêm permanentemente me caluniando, com a tentativa de difamação e ao mesmo tempo deflagrando uma campanha sistemática de assédio moral à minha pessoa, tentando me caracterizar com improbidade administrativa e profissional. Isto é crime! E o ônus da prova cabe a quem acusa.
Esta prática é realizada constantemente por Fernando Pereira, Ana Teresa e Ribamar (vulgo Jacaré), sempre na minha ausência. Aqueles que deveriam organizar a luta para fiscalizar o cumprimento do Acordo Coletivo não cumprido pela empresa a exemplo: do plano odontológico, 5ª turma no setor de esgoto, combate ao assédio moral, implantação do PCS, distribuição dos EPIs, entre outras; resolvem me escolher como maior inimigo.
Esta prática jamais me intimidará, pois já enfrentei “bichos maiores” e nunca me rendi, nem me acovardei. Não preciso sequer me esconder, atrás de mandato sindical.
De forma que já estou de posse de testemunhas acerca das calúnias deferidas contra a minha pessoa e estou montando uma queixa crime para apresentar no Ministério Público Federal do Trabalho e a outras instituições de defesa dos direitos humanos, não só no Maranhão, mas no Brasil e em outros países.
Lamentavelmente terei que tomar estas providências como forma de me proteger do assédio moral. Em breve informarei ao conjunto da categoria sobre as calúnias realizadas pela cúpula sindical e manifestarei a minha opinião.
Sou um homem público, comprometido com a luta dos trabalhadores, com um sindicalismo democrático, de base, combativo e de atitude. Além do mais, já fui diversas vezes candidato a governador do Maranhão, com um compromisso de aplicar um programa anticapitalista (estatização dos meios de produção, universalizaçã o dos serviços públicos, coletivização do acesso à terra – Reforma Agrária) e levar a classe trabalhadora ao poder, através dos Conselhos Populares. Dessa forma, tenho a obrigação moral de fazer a minha defesa política e jurídica diante dos ataques que venho sofrendo.
Saudações Caemeiras,
Marcos Silva - Operador de Elevatória - CAEMA (email: msop16@hotmail. com
sábado, 5 de dezembro de 2009
MANIFESTO DA 4ª MARCHA DA PERIFERIA “PELO FIM DA GUERRA INTERNA”
Os governos, em suas três esferas (municipal, estadual e federal), manipulam a problemática das drogas e do crime para desviar os olhares populares das questões sócio-estruturais de centro que levam a juventude pobre a submeter-se a tal condição.
Em se tratando especificadamente da população afro-descendente, desagregando os dados estatísticos por etnia, as condições de existência destes se aproximam do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países mais pobres da África ou da Ásia. Os afro-descendentes dos estados de Alagoas, Maranhão e Ceará apresentam um IDH considerado quase baixo (entre 0,500 e 0,599), já o IDH dos brancos brasileiros, em seu conjunto, é considerado quase alto (entre 0,750 e 0,799), muito próximo da situação dos países europeus.
Tudo isso prova que as desigualdades raciais no Brasil se mantêm mesmo doze décadas depois da “abolição” da escravatura. Os mecanismos de dominação ideológica e econômica se mantiveram e se reproduzem cotidianamente. Desta forma, está claro que, é para o setor socialmente mais desassistido por políticas públicas que o “punho de ferro” do Estado tende a robustecer.
É para esse setor, conforme nos mostra Wacquant (2003), que vimos restabelecer uma espécie de “ditadura pura”, mesmo 20 anos depois da queda das ditaduras militares em toda a América Latina. No Maranhão vimos recentemente uma greve dos trabalhadores da educação pública ao mesmo tempo em que o governo propagandeava a compra de mais 174 viaturas para a polícia militar.
Por outro lado, se não bastasse à repressão estatal e a criminalização midiática, deparamo-nos com um processo de “guerra interna” envolvendo a juventude das periferias de todo o Brasil. Os ideólogos do capital, a mídia comercial burguesa e os partidos conservadores conseguem fazer com que a juventude imersa no barbarismo neoliberal se veja como inimigos.
Os espaços de manifestação da violência intra-periférica são cada vez mais reduzidos, o “inimigo” mora cada vez mais próximo. A revolta social de muitos destes jovens ao invés de ser canalizada politicamente contra aqueles que aplicam inapelavelmente as políticas neoliberais, é descarregada nas “batalhas” das “guerras internas” de bairro contra bairro, de comunidade contra comunidade, de morro contra morro, de rua contra rua, de vizinho contra vizinho e assim sucessivamente.
Essa é a política invariável do imperialismo cultural levada a cabo por partidos e políticos conservadores do nosso país: cortar pela raiz qualquer possibilidade de ações políticas coletivas que se contraponha à dominação externa e interna, pois para manter a periferia vivendo na situação limite do barbarismo neoliberal é necessário frear atos limites de ruptura política com o capital.
No entanto, nem tudo é derrota para a juventude das periferias do nosso estado. Muitos desses jovens criminalizados pelos pela grande imprensa, penalizados pelas políticas neoliberais e punidos pelo aparato repressivo resolveram dar uma resposta política positiva a essa situação e através da cultura Hip Hop tem articulado as Marcha das Periferias, que já caminha para a sua quarta edição.
O objetivo principal deste evento é, ao mesmo tempo, favorecer a construção de uma subjetividade positiva coletiva entre a juventude negra e pobre e chamar a atenção do conjunto da sociedade maranhense e dos poderes públicos constituídos para a necessidade do Estado estender seu braço social nos bairros de periferia.
A iniciativa da construção da marcha da periferia foi do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano, em 2006, mas ganhou tal dimensão que hoje é coordenada por um conjunto de entidades do movimento popular e sindical que compõe o Comitê Pró-Periferia. Essa importância também se reflete em âmbito nacional, ao ponto de diversas entidades de Hip Hop e organizações políticas tradicionais de outros estados se deslocaram até o Maranhão para participarem das atividades que envolvem a programação da Marcha da Periferia.
Para sensibilizar e mobilizar a população pobre a participar da das marchas das periferias, atividades políticas e culturais são realizadas nas comunidades pólos que envolvem diversos bairros próximos uns dos outros. Esse ano foi realizado atividades nos pólos Liberdade-Fé Deus, Bequimão-Rio Anil, Novo Angelim, João Paulo -Coroado, Cidade Olímpica- Santa Eufigênia, Areinha- Bairro de Fátima e Vila Embratel. A cultura Hip Hop é, geralmente, o principal instrumento político-cultural de mobilização nessas comunidades.
Como resultado das discussões realizadas nessas atividades e nas reuniões ampliadas para construção das Marchas da Periferais são elencadas uma pauta de reivindicações que é comum a praticamente todos esses bairros. Neste sentido, a 4ª Marcha da Periferia traz a seguinte pauta de reivindicação que gostaríamos de apresentar aos (as) senhores (as) deputados (as);
1- Por um plano emergencial de obras públicas em todos os bairros de periferia do Maranhão para gerar emprego e renda e combater o crime em suas raízes sociais;
2- Construção de escolas públicas com qualidade de ensino de acordo com a demanda do estado e reformas das escolas já existentes;
3- Pela construção de áreas para a prática do lazer, esporte e cultura nos bairros de periferia;
4- Pelo fim do déficit habitacional do nosso estado, Reforma urbana já!
5- Pela instalação de uma auditoria da divida pública do estado do Maranhão;
6- Pelo fim das ocupações militares nos bairros de periferia;
7- Pela desmilitarização da polícia;
8- Pelo fim da perseguição as rádios comunitárias e contra a criminalização praticada pelos grandes meios de comunicação contra os moradores da periferia;
9- Pelo fim de repasse de verbas públicas para a imprensa comercial burguesa;
10- Pela eliminação gradual do sistema prisional que não ressocializa pobre e nem mantém preso o rico.
11- Pela formação de conselhos populares de segurança pública que possibilitem à própria comunidade resolver democraticamente os conflitos entre os seus moradores;
12- Pela construção de mais hospitais públicos, a exemplo do IPEM, nos bairros de periferias;
13- Ações afirmativas para os afro-brasileiros nas universidades públicas estaduais rumo a fim do vestibular e universalização do ensino superior;
14- Pela desmilitarização das universidades estaduais, pelo fim do C.F.O. na UEMA;
15- Mais verbas para a preparação de professores com vista a viabilizar a implementação efetiva da lei 10.639/03 nas escolas públicas da rede estadual de ensino;
16- Aprovação e adoção do dia 20 de novembro como feriado estadual do dia da consciência negra;
17- Eleição direta para diretores de escolas e liberdade para construção de grêmios estudantis;
18- Saneamento básico e tratamento de esgoto digno para a classe trabalhadora;
19- Pela implementação do Disque Racismo já existente em outros estados da federação e que seja controlado pelo conjunto das entidades do movimento negro e afins;
20- Pela titulação das terras dos remanescentes de quilombolas em todo o estado do Maranhão.
QUILOMBOLAS DO BRASIL CANTAM, DANÇAM, GRAFITAM E MARCHAM EM DEFESA DAS PERIFERIAS
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
DEBATE PELO FIM DA GUERRA INTERNA NO QUILOMBO CULTURAL LAGOA AMARELA ÁS 18:00HS
DEBATE: Quilombo Brasil na Luta Pelo fim da guerra interna na Periferia.
MESA:
* Hertz Dias – MH²O Quilombo Urbano- MA
* Gas-pa- Coletivo de Hip Hop Luta Armada- RJ
* Rielda Alves- Assembléia Nacional dos Estudantes Livres- MA.
MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO MARANHÃO QUILOMBO URBANO.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
GOVERNO TENTA NOVAMENTE CONFUNDIR JUVENTUDE DO HIP HOP E ESVAZIAR A MARCHA DA PERIFERIA
Nosso desejo é que houvesse mais entidades realizando atos com essa temática, mas não para destruir as já existentes. Por que não propuseram realizar essa marcha em parceria conosco? No entanto, essa mesma matéria faz referência a um ex-militante do Quilombo Urbano que foi expulso do nosso meio por usar o nome de nossa organização em parceria com governos sem nossa autorização, por desviar dinheiro de entidades estudantis como o CAECIP ( Comitê Amplo de Estudantes Contra a Instalação do Pólo Siderúrgico), por extorquir uma militante do Hip Hop de Minas Gerias, por se apropriar de objetos de nossos militantes e de uma professora do antigo CEFET entre tantas outras práticas desonestas. O nome desse individuo é CARLÃO que ano passado esteve a frente de um encontro de Hip Hop bancado pelo governo de Jackson para desarticular nossas atividades. Mas grave ainda, é que ele foi para um jornal que estava detonado com os professores, divulgar atividades em escolas publicas no momento em que essas ainda estavam em greve, ou seja, era para fazer com que os alunos dessas escolas retornassem as aulas e enfraquecessem a luta dos educadores contra Roseana Sarney.
No entanto, quem não se lembra que ano passado nós enfrentamos uma situação parecida com essa e saímos vitoriosos? Tanto é que estamos mais fortes e construindo o Quilombo Brasil que é nossa entidade de Hip Hop em âmbito nacional. Novamente não vamos arredar o pé para Roseana Sarney, João Castelo e seus capitães do mato de bombeta e calça larga. Fica aqui nossa denúncia, QUEM QUER COMBATER O EXTERMINIO DE JOVENS NEGROS NÃO SE JUNTA COM GOVERNOS QUEM MANDA A POLICIA EXTERMINAR NOSSO POVO E PERSEGIR NOSSA ORGANIZAÇÃO! E fica aqui nosso alerta, NEM TODO MUNDO NA PERIFERIA ESTÁ A VENDA!
MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO MARANHÃO “QUILOMBO URBANO”
20 ANOS DE CORRERIA, 20 ANOS DE PERIFERIA!
terça-feira, 10 de novembro de 2009
4ª MARCHA DA PERIFERIA 20/11/2009
O Movimento Hip Hop Militante Quilombo Brasil é uma organização nacional que envolve diversas entidades de Hip Hop, sua criação ocorreu em novembro de 2008 na cidade de São Luís. A mesma nasce da necessidade de se consolidar em nosso país um instrumento político e cultural que proporcionasse à juventude negra e pobre das periferias a se organizar para enfrentar aqueles que os oprimem e exploram. Essa preocupação foi intensificada quando a crise capitalista atual foi desencadeada, pois sabemos que esses setores são os mais penalizados.
Hoje o MH²M Quilombo Brasil está organizado em sete estados (MA, RJ, SP, PI, PR, CE e DF) e já tem desencadeado algumas iniciativas até então não cogitadas no interior do Hip Hop brasileiro como a campanha “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia” e os diversos eventos contra a ocupação das tropas da ONU no Haiti ocorrido no período de 25 de agosto a 07 de setembro envolvendo cerca de dez cidades brasileiras. Para consolidação dessa organização estamos propondo o I Encontro Nacional de Entidades de Hip Hop Militante a ser realizado em São Luís do Maranhão no período de 19 a 21 de novembro, tendo como entidade organizadora, o ‘Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”.
As condições de existência da juventude pobre e negra que reside nas comunidades periféricas do Brasil são cada vez mais degradantes. As históricas reivindicações dessas comunidades por políticas públicas foram inversamente atendidas com mais criminalização midiática e repressão estatal. Desde 2005 bairros pobres de todos os estados brasileiros foram ocupados militarmente pela Força de Segurança Nacional. No entanto, mesmo antes desse acontecimento muitos governos já haviam adotado “Toque de Recolher” sufocando o lazer e as práticas culturais desses bairros ocupando-os com forças policias. Os governos, em suas três esferas (municipal, estadual e federal), manipulam a problemática das drogas e do crime para desviar os olhares populares das questões sócio-estruturais de centro que levam a juventude pobre a submeter-se a tal condição. No entanto, verifica-se uma lacuna existente entre essa lamentável situação e a ausência de respostas políticas em favor desse setor. Em uma palavra, a periferia padece também pela inexistência de intelectuais coletivos, ou seja, de movimentos sociais combativos e de crítica global do modelo de organização capitalista.
Em se tratando especificadamente da população afro-descendente se desagregamos os dados estatísticos por etnia as condições de existência destes se aproximam do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países mais pobres da África ou da Ásia. Os afro-descendentes dos estados de Alagoas, Maranhão e Ceará apresentam um IDH considerado quase baixo (entre 0,500 e 0,599). Já o IDH dos brancos brasileiros em seu conjunto é considerado quase alto (entre 0,750 e 0,799), muito próximo da situação dos países europeus.
Tudo isso prova que as desigualdades raciais no Brasil se mantêm mesmo doze décadas depois da “abolição” da escravatura. Os mecanismos de dominação ideológica e econômica se mantiveram e se reproduzem cotidianamente. Desta forma, está claro que é para o setor socialmente mais desassistido que o “punho de ferro” do Estado tende a robustecer.
É para esse setor, conforme nos mostra Wacquant (2003), que vimos restabelecer uma espécie de “ditadura pura”, mesmo 20 anos depois da queda das ditaduras militares em toda a América Latina. Foi para as mulheres com perfil dessas camadas populares que o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), direcionou suas palavras de que o útero dessas pessoas eram fábricas de bandidos, devendo, portanto, ser esterilizadas.
Por outro lado, se não bastasse à repressão estatal e a criminalização midiática, deparamo-nos com um processo de “guerra interna” envolvendo a juventude das periferias de todo o Brasil. Os ideólogos do capital, a mídia comercial burguesa e os partidos conservadores conseguem fazer com que a juventude imersa no barbarismo neoliberal se veja como inimigos.
Os espaços de manifestação da violência intraperiférica são cada vez mais reduzidos, o “inimigo” mora cada vez mais próximo. A revolta social de muitos destes jovens ao invés de ser canalizada contra os representantes do capital, contra aqueles que aplicam inapelavelmente as políticas neoliberais, é descarregada nas “batalhas” das “guerras internas” de bairro contra bairro, de comunidade contra comunidade, de morro contra morro, de rua contra rua, de vizinho contra vizinho e assim sucessivamente.
Essa é a política invariável do imperialismo cultural: cortar pela raiz qualquer possibilidade de ações políticas coletivas que se contraponha à dominação externa e interna, pois para manter a periferia vivendo na situação limite do barbarismo neoliberal é necessário frear atos limites de ruptura política com o capital.
No entanto, nem tudo é derrota para a juventude das periferias brasileiras. Em novembro de 2008, durante a realização da Marcha da Periferia em São Luís do Maranhão, organizações de Hip Hop do Maranhão, Piauí e Ceará resolveram plantar a semente de uma organização nacional de Hip Hop militante, anti-racista, anti-capitalista e antiimperialista que prime fundamentalmente pela organização coletiva da juventude pobre deste país.
Depois de dois encontros, um realizado em Belém-PA em janeiro de 2009 durante o Fórum Social Mundial e outro realizado em Teresinha-PI em março deste mesmo ano, surge o Movimento Hip Hop Militante “Quilombo Brasil”, que já congrega entidades de Hip Hop de sete estados brasileiros (PI, MA, RJ, SP, PR, CE, DF), todas com completa independência em relação aos governos e ao capital.
Sendo assim, conforme acordado entre essas entidades, haverá um grande encontro de fundação MHM Quilombo Brasil no período de 19 a 21 de novembro na Semana da Consciência Negra em São Luís do Maranhão. A cidade de São Luís foi escolhida para sediar esse encontro em função da comemoração de 20 anos existência do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”, uma das entidades que impulsionou a fundação do MHM “Quilombo Brasil” e que atua desde 1989 nas periferias desse estado.
Além de toda a programação deste evento que pretende envolver diversas organizações do movimento popular e sindical, esse momento será marcado também pelo lançamento oficial da campanha “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia”, onde se pretende debater e traçar táticas para fazer com que a mesma atinja seu público alvo: a juventude das periferias.
PROGRAMAÇÃO
Dia 19 Novembro
18:00h Debate:
Quilombo Brasil na Luta Pelo fim da guerra interna na Periferia.
Hertz Dias – MH²O Quilombo Urbano- MA
Gas-pa- Coletivo de Hip Hop Luta Armada- RJ
Rielda Alves- Assembléia Nacional dos Estudantes Livres- MA.
Local: Auditório Che-Guevara, do Sindicato dos Bancários (Rua do Sol, Sn, Centro)
Dia 20 Novembro
9:00h Debate: Mulher no Hip Hop: Genero, Classe, Etnia.
Núcleo de Mulheres Preta Anastácia – QUILOMBO URBANO
GT de Mulheres da CONLUTAS-MA
Cangaço Urbano – MH²M QUILOMBO BRASIL
Local: Auditório Che-Guevara, Sindicato dos Bancários.
12:00h: Almoço
15:00h: Realização da IV Marcha da Periferia
Concentração: Praça Deodoro, Centro (em frente a biblioteca pública Benedito Leite).
19:00h: 20º Festival Hip Hop-Zumbi
Apresentação de aproximadamente 25 grupos de Hip Hop de diversos estados Brasil.
Local: Circo Cultural da Cidade - Bairro Praia Grande ao lado do Terminal de integração
Dia 21 Novembro
09:00h: Plenária Final do Quilombo Brasil para retirada do calendário de Lutas e de Articulação para 2010.
Local: Borralho Eventos- Bairro Liberdade.
MOVIMENTO NACIONAL DE HIP HOP “QUILOMBO BRASIL”
NEM GUERRA ENTRE AS GANGUES, NEM PAZ ENTRE AS CLASSES
MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO MARANHÃO “QUILOMBO URBANO” 20 anos de Correria, 20 anos de Periferia!
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Hip Hop em Defesa da Greve dos Trabalhadores em Educação
Nós que vivemos e atuamos nos bairros de periferia sabemos o estado em que se encontra a educação pública do Maranhão. Sabemos por que sentimos cotidianamente na pele essas condições. No entanto, não é culpa desses trabalhadores se nossa juventude estuda em escolas sucateadas, com salas superlotadas e com profissionais mal remunerados. O governo e essa corja de playboy’s metida à liderança estudantil querem colocar os educadores no banco dos réus da sociedade, quando na verdade são eles os grandes criminosos.
O Hip Hop nos ensinou a não amar o inimigo. Roseana Sarney ataca os educadores por que sempre foi inimiga de uma educação pública e de qualidade para nosso povo, faz isso por que é inimiga histórica daqueles que vivem na periferia para os quais a única política que tem a oferecer é a repressão policial.
Na contramão dos inimigos da educação pública, nós do Quilombo Urbano estaremos realizando um grande ato em defesa da greve dos trabalhadores em educação e, conseqüentemente, da educação pública do Estado do Maranhão.
PROGRAMAÇÃO
Exibição do filme “Por Dia Nascer Feliz”.
Comentadores: Representante do PRONERA, MRPE, GT de Educação da CONLUTAS e Quilombo Urbano.
Apresentações de grupos de Hip Hop
Local: Quilombo Cultural Lagoa Amarela, Projeto Reviver (ao lado do Restaurante Cantinho da Estrela)
DATA: 06 DE OUTUBRO DE 2009
Inicio: 19:00h.
MOVIMENTO HIP HOP ORGANIZADO DO MARANHÃO “QUILOMBO URBANO”
20 ANOS DE CORRERIA, 20 ANOS DE PERIFERIA!
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Hip Hop Quilombola na Mira da PM’? CHEGA!!!
SÃO LUÍS 14 DE OUTUBRO DE 2009
EXCELENTÍSSIMA SENHORA GOVERNADORA ROSEANA SARNEY
Em setembro de 2008, durante as atividades de preparação da III Marcha da Periferia, evento este que nós do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão Quilombo Urbano, juntamente com outras entidades do movimento popular e sindical realizamos desde 2006 com a juventude de nossas comunidades pobres, tomamos a iniciativa de ocupar a Praça da Criança no centro histórico de São Luis para realização de atividades políticas e culturais de Hip Hop com a juventude que para ali se direcionam. Antes dessa ocupação, ocorrida no dia 05 de setembro, dia da raça, a Praça da Criança se encontrava completamente abandonada pelo poderes públicos, mas a partir dessa iniciativa, de jovens negros e pobres excluídos cultural e economicamente do turismo econômico que ali se instalou, a Praça da Criança passou a ser um dos espaços públicos mais “vivos” do “Projeto Reviver”. Batizada de “Quilombo Cultural Lagoa Amarela” em homenagem ao herói afro-maranhense Negro Cosme, nela é possível visualizar diversos grafites, a arte visual do Hip Hop, com mensagens que refletem a situação e os anseios da juventude negra e pobre, além das apresentações de danças, grupos de rap, exibição de vídeos e apresentações de artistas de outros gêneros culturais. Nesse espaço já ocorreram inúmeras atividades políticas de grande repercussão, a exemplo do ato em solidariedade ao povo do Haiti, país este que no momento se encontra ocupado pelas forças militares da Organização das Nações Unidas (ONU) lideradas pelo Brasil, a MINUSTAH.
A marca principal desses eventos é o fortalecimento dos laços de sócio-afetividade entre a juventude de periferia. Alguns meses após a ocupação dessa praça, o então secretário de cultura do governo de Jackson Lago, Joãozinho Ribeiro, em reunião com alguns de nossos militantes, propôs uma parceria entre nossa organização (Movimento Hip Hop Quilombo Urbano) e a secretaria de cultura do Estado para realização das atividades políticas e culturais. Na oportunidade agradecemos a referida proposta, tendo em vista que o objetivo inicial do projeto Quilombo Cultural Lagoa Amarela era de completa autonomia e independência em relação ao poderes públicos, nossa única exigência seria a de estruturação da praça com construção de banheiros públicos, bancos e iluminação, o que infelizmente até o momento não ocorreu. Mesmo com a negativa de nossa parte, durante todo esse período nunca fomos molestados pelo governo anterior nem muitos menos pela sua força policial, pelo contrário, fomos diversas vezes elogiados pela iniciativa de ter transformado um espaço “sem vida” em um ambiente onde a juventude de periferia se encontra todas as noites de sexta feira para permutar informações e manifestar suas angustias cotidianas e seus desejos de transformação de suas realidades sócio-estruturais. No entanto, nos últimos meses, essa realidade tem se transformado radicalmente. Em nenhum ambiente cultural, público ou privado, do Projeto Reviver, a Polícia Militar tem atuado com tanta repressão como no “Quilombo Cultural Lagoa Amarela”. Para se ter uma idéia, só nas últimas três sextas-feiras foram três “batidas” com ameaças de detenção dos organizadores dessa atividade, de apreender os nossos aparelhos de áudio e vídeo, de desrespeito na hora das “revistas” do público presente, de caracterizar a atividade de “festinha” e seus participantes de “marginais”. No dia 02 Setembro dois policiais militares, o soldado Augusto e sargento Neves, chegaram a alegar que iriam chamar a Tropa de Choque para terminar com a atividade por que dali, segundo eles, teriam saído duas pessoas esfaqueadas e que estavam passando muito mal no hospital Socorrão, quando na verdade nunca ocorrera nenhum incidente entre os jovens que freqüentam aquele espaço cultural. Ao contrário, como deve ser de conhecimento de vossa excelência, nesse mesmo dia, 02 de setembro, um policial a paisana teria ceifado a balas a vida de uma pessoa em uma conhecidíssima casa de evento do Projeto Reviver, mas, ironicamente, na semana seguinte a esse trágico acontecimento, uma viatura comandada pelo policial militar Valdir e outros três policias militares sem insígnia de identificação, se fizeram presente no Lagoa Amarela com as mesmas práticas e ameaças de seus antecessores. É de causar estranheza e indignação o fato de que ao lado do Lagoa Amarela funciona uma casa de eventos freqüentada por jovens brancos de classe média, que para endentar aquele espaço fazem uma fila “quilométrica” e a polícia não faz uma única investida, não pede documentos e não realiza “revistas”. O que fica explicito nisso tudo é que a policia ali se faz presente para mostrar a juventude de periferia, em sua maioria negra, que o turismo econômico do Projeto Reviver não os autorizam a freqüentar aquele ambiente e nem muitos menos realizar atividades políticas e culturais ao lado de uma concentração de jovens brancos de classe média. Certamente não somos contra que a polícia realize seu “trabalho” nesse ou qualquer outro espaço, mas não podemos admitir que indivíduos ou grupos de indivíduos tenham tratamento diferenciado em razão de sua condição étnico-social ou da manifestação cultural a qual se identificam. Temos clareza de que a violência é hoje uma realidade presente entre qualquer grupo social, principalmente entre a juventude que residem nas periferias, pois não são assistidas por políticas públicas, e que, por essa razão, nossas atividades não estão isentas de tais manifestações. Mas seria de admirar, e não de criminalizar, uma atividade que após 14 messes de existência nunca ocorrera um único incidente, a não ser os que foram protagonizados pela própria Polícia Militar, o que é extremamente lamentável. Por outro lado, entendemos que o que falta a juventude de periferia é uma política sócio-estrutural que envolva geração de emprego e renda, educação de qualidade, lazer e cultura que possa amenizar seus sofrimentos, pois até então a única política que os sucessivos governos têm oferecido a essa camada social é a repressão policial, que por sua vez tem demonstrado a sua completa ineficiência no combate a violência. Por fim, solicitamos desse governo a concessão, até o fim do seu mandato, para que possamos continuar a realizar tais atividades sem interferência dos poderes públicos e sem a ação truculenta e preconceituosa da polícia. O Projeto Reviver dever ser, antes de tudo, entendido como um patrimônio histórico construído por pessoas negras acorrentadas aos grilhões e submetidas aos chicotes das elites eurocêntricas, realidade essa que nós descendentes afro-maranhenses, brancos pobres da periferia e militantes de organizações do campo democráticos não mais permitimo-nos submeter.
Cientes de Vossa compreensão e atendimento a nossa reivindicação,
Agradecemos antecipadamente.
Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão “Quilombo Urbano”
Movimento Hip Hop Militante “Quilombo Brasil”
terça-feira, 13 de outubro de 2009
POSSE LIBERDADE SEM FRONTEIRAS: cuidar das crianças da periferia para enfrentar os adultos da burguesia
"NEM GUERRA ENTRE OS POBRES, NEM PAZ ENTRE AS CLASSES"
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Quilombo Urbano na Frente de Resistência Urbana
p/ Sonianke
domingo, 6 de setembro de 2009
O HAITI É LOGO ALÍ: HIP HOP APROXIMA A ILHA REBELDE DA ILHA CARIBENHA
Centenas de jovens e militantes de esquerda se deslocaram de suas casas, escolas ou ambiente de trabalho até a praça “Quilombo Cultural Lagoa Amarela” no centro histórico de São Luís na noite de 04 de setembro para presenciar uma das mais importantes atividades em Solidariedade ao Haiti já realizada no estado do Maranhão. Muitos foram para apreciar o grupo de Hip Hop preferido ou o de sua quebrada e saíram de lá chocados e indignados com as imagens e relatos apresentados nos vídeos “Fora as Tropas Brasileiras do Haiti” e, principalmente, “O Que Se Passa No Haiti”. Um militante da CONLUTAS-MA chegou a afirmar que “nem precisa falar mais nada, as imagens já dizem tudo”. Um momento de extrema emoção foi quando o rapper Preto Roob do grupo “Raio X Nordeste” pediu um minuto de silêncio em memória das vitimas dessa ocupação criminosa no Haiti. Apesar da ansiedade pela espera dos show’s de Hip Hop foi marcante a concentração do público durante a exibição dos vídeos e das falas. Ninguém arredava o pé da praça nem os olhos do telão projetado na parede. Por outro era flagrante o olhar de felicidade dos militantes do Quilombo Urbano e da CONLUTAS pela comemoração de 1 ano de ocupação dessa praça que tem se consolidado como um ambiente de entretenimento e formação política. Enquanto os grupos de rap se apresentavam, oito no total, um grafite era realizado ao lado e vez por outra uma roda de break era aberta no centro da praça; política e cultura de mãos dadas em solidariedade ao Haiti. Há poucos minutos do encerramento da atividade e com a praça ainda lotada, dois militares foram exigir o fim da mesma, alegando a lei do silêncio e o risco de confusões, mas receberam uma verdadeira aula política de jovens aparentemente despolitizados. Tiveram que botar a arrogância entre as pernas e se retirarem do local. Enquanto isso, um playboy semi-adormecido de entorpecente saía de uma casa de show ao lado do “Quilombo Cultural” tentando desesperadamente carregar sua “cinderela” adormecida de “sei lá o que” para o estacionamento. Indubitavelmente o “Haiti é logo ali”, pois a partir desse ato ficou claro para a periferia de São Luís que os reais objetivos da ocupação militar é garantir a dominação econômica do imperialismo nesse país e conter a rebeldia negra da ilha caribenha e não combater “gangues de rua” como propagandeia o governo Lula e os “paus mandados” do Estados Unidos. Esse ato aproximou a “ilha caribenha” (Haiti) das periferias da “ilha rebelde” (São Luís), todos perceberam o quanto somos parecidos e o quanto precisamos está unidos. Parabéns periferia por atender nosso chamamento, parabéns “Lagoa Amarela” por 1 ano de resistência, força Haiti que a liberdade virá.
Movimento Hip Hop Militante “Quilombo Brasil”/ Regional Maranhão “Quilombo Urbano”.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E OS LIMITES DA LEI MARIA DA PENHA
a mente libertada tem efeito dinamite.”(Ameaça)
A cada quatro minutos uma mulher é agredida no Brasil. Agressões, torturas, estupros e mortes acontecem dentro de casa. A cada dez mulheres agredidas, sete foram vitimas de seus parceiros. Esses dados alarmantes ilustram bem a situação de violência doméstica em que parcela significativa das mulheres se encontra.
Em agosto deste ano, completou três anos de implementação da lei Maria da Penha e os dados da violência só aumentaram.
Maria da Penha foi vitima da violência doméstica em agosto de 1983, baleada nas costa pelo marido, ficou paraplégica. Teve uma longa e árdua luta para punir seu agressor. 18 anos depois, em 2001, a Comissão Internacional de Direitos Humanos responsabilizou o Brasil por omissão e somente em 2003 seu ex- marido foi preso. Por sua história e perseverança, Maria da Penha se transformou num símbolo de luta contra a violência doméstica e deu nome a Lei.
Essa lei, do ponto de vista legal, é um avanço em relação ás leis anteriores que culpavam as mulheres pelas agressões sofridas. Na nova lei o agressor pode até ser preso em flagrante ou ter a prisão preventiva decretada e se este oferecer risco de morte a mulher pode ser afastado de casa e ficar proibido de aproxima-se dela e dos filhos.
Do ponto de vista prático é difícil de ser aplicada, pois não prevê recursos para a sua implementação. Além disso, o governo cortou 42% do orçamento destinado ao combate da violência doméstica, isso só em 2007, meses depois da lei aprovada.
A lei Maria da Penha é uma lei pra gringo ver, pois esta foi feita para dar resposta às pressões internacionais, além de eleitoreira, sendo a cartada final do governo Lula as vésperas de sua reeleição (um mês antes) ficando em lua-de-mel com os movimentos feministas reformistas.
Não podemos nos iludir com esse governo, sua lei não garante a defesa das mulheres. A grande maioria das mulheres vitimas da violência não denunciam, eles tem medo de sofrer represálias e muitas vezes depende financeiramente do agressor.
Queremos punição aos agressores pela violência física e moral, e para que isso aconteça é preciso investimento. Exigimos imediata construção de casas-abrigo com assistência jurídica e psicológica, creches e profissionalização em todo o Brasil .
Muito embora Lula tenha vindo da classe trabalhadora, seu governo nunca esteve à serviço dessa classe, pelo contrário, ele cumpre um papel nefasto, consegue cooptar grande parte das organizações de trabalhadores e isso incluir boa parte dos movimentos feministas, se apropriando de suas bandeiras históricas, resignifica e transforma nessa lei meia boca que acaba funcionando como anestésico pros movimentos reformistas.
Precisamos retoma a nossa bandeira que o governo se apropriou, pois o mastro ainda está em nossas mãos. Tremulemo-na até a vitória, pelo fim da violência doméstica.
“... diga sim, a quem quer nos abraçar,
diga não se for nos enganar,
com as bandeiras nas ruas,
ninguém pode nos calar..."
P/ Nicinha Durans é militante do mH²o Quilombo Urbano, do Núcleo de Mulheres do Hip Hop Preta Anastácia organizada na Posse Liberdade Sem Fronteiras.
domingo, 30 de agosto de 2009
Uma semana para ficar na memória da cultura carioca*
No mesmo dia da realização da audiência pública que debateu o Funk como cultura e referendou um ano de lutas da APAFUNK, outro evento, realizado na caída da noite, também é digno de entrar para história das manifestações culturais do rio de janeiro: o hip-hop pela retirada das tropas brasileira do Haiti, organizado pelo coletivo Lutarmada de Hip-Hop.
O papel cumprido pelas tropas "da paz" no Haiti, depois de 5 anos de ocupação, não escondem atrás do nome a sua verdadeira missão: controle e gestão da miséria e genocídio e extermínio do povo negro. Não à toa, os soldados brasileiros lá treinados vem continuar seu combate aqui na guerra desinfreada do governo do estado do rio de janeiro contra as comunidades. E não à toa, por óbvio, os mesmos nomes para mascarar os acontecimentos: "paz, pacificação e pacificador".
Entre a apresentação dos rappers, falas dos companheiros e companheiras de luta, vídeos e batalha de b-boys e b-girls marcaram a emoção da atividade. O reconhecimento implícito da mesma dor e da mesma realidade que além mar assola todos os países de maioria inegavelmente negra, custurou todas as falas e alinhavou o evento. Lágrimas de sangue, uma das últimas músicas cantadas, marcou essa compreensão.
Para quem acompanha ou acompanhava o movimento hip-hop do Rio de Janeiro, muito emoção e felicidade ficaram nítidas. Um hip-hop combativo, altamente engajado e militante, com fortíssima qualidade musical estava alí expresso. B Negão relatou, por exemplo, as várias emoções que teve durante a atividade e como foi aquele discurso que o trouxe para o movimento hip-hop, antes de vários de sua geração se perderem pelos caminhos do mercado.
Lembrando Zumbi, Dandara, Lamarca e Guevara, Delirio Black, também do coletivo Lutarmada de Hip-Hop, homenageou todos os que transformaram sua vida em luta. E relembrou a necessidade, mais que óbvia diante daquele encontro, de lutar: "se a nossa morte foi declarada, vamos lutar e viver todos os dias com dignidade".
Essas vozes, de certo, foram escutadas no Haiti. Pois não são diferentes - e por isso o recrudescimento do extermínio e do genocídio - de todo o povo que resiste em toda a parte do mundo, seja na áfrica, no caribe ou na américa latina, por outra forma e vida e de sociedade. São as vozes daquele que não se calam e cantam e dançam a necessidade de liberdade: "Liberdade, palavra que o sonho humano alimenta: não há ninguém que explique, não há ninguém que não entenda".
* Isabel Mansur - para Gaspa, Wesley e todos os companheiros e companheiras que lutam, sonham e cantam.
sábado, 22 de agosto de 2009
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
domingo, 9 de agosto de 2009
Hip Hop Maranhense consolida o “Lagoa Amarela”
terça-feira, 28 de julho de 2009
Gíria e P.R.C em DVD
Pra quem curte os grupos de rap Gíria Vermelha e P.R.C. está começando as prévias de seleção de imagens para o DVD destes grupos. Dia 02 de agosto (Domingão) têm Show do Gíria Vermelha no Clube do Reizinho na Fé em Deus/Liberdade e no dia 07 de agosto (sexta-feira) tem Gíria Vermelha e P.R.C. na Praça Lagoa Amarela no Reviver (Praia Grande), todos iniciando as 18:00h. O momento final destas gravações se dará em um grande show no mês de setembro em local a definir. Todas esses eventos fazem parte das comemorações dos 20 anos de Quilombo Urbano e da 4ª Marcha da Periferia que este ano traz como tema “Pelo fim da guerra interna na Periferia”
segunda-feira, 27 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
CUFA, LULA E GLOBO: TUDO A VER.... NA OCUPAÇÃO IMPERIALISTA DO HAITI.
O exemplo de uma nação emancipada em decorrência de uma rebelião da classe subalterna não poderia se espalhar pelo resto da América, que ainda vivia sob o sistema escravista. Desde então, esse pequeno país da América Central, é vítima de ataques constantes, velados ou declarados, dos países imperialistas, principalmente dos EUA, até os dias atuais.
Com uma população vivendo na miséria, o povo do Haiti se revoltou em defesa de sua sobrevivência, foi às ruas em grandes protestos, saques, fazendo até greves gerais. No início de 2004, aconteceu uma intervenção do governo dos Estados Unidos, forçando o então presidente (Aristide) a renunciar e deixar o país. O fato de o governo Lula está interessado em ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU faz com que esteja pronto a atender qualquer pedido desta organização. E se aproveitando disso, a ONU pede para que o Brasil envie tropas para sufocar a revolta popular.
Em 2005 a SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), sob o comando da então ministra Matilde Ribeiro – aquela que gastou R$ 171.000 do nosso dinheiro em futilidades como salão de beleza, free-shoop, entre outras – convidou organizações de Hip Hop de integridade negociável para preparar em conjunto a Campanha Pense no Haiti, Zele pelo Haiti, com shows, seminários e arrecadação de material escolar. Os grupos de Hip Hop comprometidos com a luta dos povos oprimidos entenderam que essa campanha, assim como o jogo da seleção brasileira de futebol, pretendia maquiar o verdadeiro caráter da invasão - chamada de Força de Estabilização. Não vemos verdade nas intenções pacificadoras de uma Organização das Nações Unidas que permitiram a invasão do Iraque pelos EUA, e apesar dos apelos, se negou a enviar suas tropas para Ruanda, permitindo os Htus matarem 800.000 tutsis em 100 dias (8.000 assassinatos por dia).
No momento em que uma delegação haitiana viaja o Brasil, estado por estado, para denunciar as atrocidades cometidas pelas forças de ocupação da ONU, lideradas pelos militares brasileiros, o rapper MV Bill apareceu no Domingão do Faustão propagando as “benesses” da invasão militar naquele país. A aparição super-anunciada de MV Bill no Faustão, no dia 12/07, foi simplesmente desastrosa. MV Bill defende a ocupação militar do Haiti! Para ele as criancinhas do Haiti ficam alegres quando vêem as tropas de ocupação! Sabemos que MV Bill não é tolo, não é desinformado, talvez mal intencionado, pois para a Globo ele é hoje um grande líder político. Aliás, ele muito bem sabe quem é a Globo, aquela emissora que “mostra os pretos chibatados pelas costas”, conforme expressa uma de suas antigas músicas. Mas os pretos do Haiti também são pretos, são pobres, são favelados, e são chibatados pelas costas. MV Bill negou a existência de grupos de rap no Haiti dizendo que não os encontrou por que o país é muito pobre. Mas o rap não é a música da favela? De certo MV Bill teve que negar o rap haitiano tal como a Globo há muito tempo tenta ofuscar o contestador rap brasileiro. Para essa emissora os maiores artistas do rap sempre foram Gabriel o Pensador, Marcelo D2 e agora MV Bill. Quem não lembra que antes de MV Bill aderir a Globo, essa emissora o perseguiu acintosamente? Disseram, no Jornal da Globo, que o clipe “Soldado do Morro” era só “ Armas, Drogas e música mal feita”. Mas num passe de mágica “global” MV Bill passou de “bandido musical” ao bom menino, da boa música, parceirão da compromissada Rede Globo, via “Criança Esperança”. Para obter esse status global MV Bill teve que se desculpar sobre as criticas outrora feitas ao “Criança Esperança” e à própria emissora. . Em seu Site MV Bill e a CUFA também dizem-se favoráveis a ocupação dos morros cariocas pelo B.O.P.E. com algumas ressalvas. Já há alguns dias a Cidade de Deus, tão cantada por MV Bill, está ocupada pela PM, que, de acordo com relatos de moradores, tem lançado mão de práticas autoritárias como proibir que jovens circulem pela favela com cabelos pintados de amarelo, entrarem em algumas casas e abaixarem os volumes dos aparelhos de som, vasculharem aparelhos de MP3 para ver se encontram algum Funk, a musica proibida pelas autoridades fluminenses. E desde então, nenhuma declaração do nosso “herói”, pelo menos em meios de grande repercussão, como num Domingão do Faustão.
Tudo isso demonstra que a CUFA é hoje um braço do Estado e da burguesia na favela. Sua parceria com organismos imperialistas como o Consulado dos EUA e o Banco Mundial não é à toa. Eles, juntos com outras entidades e empresas financiaram golpes e mais golpes militares na América Latina, ao mesmo tempo em que financiava também movimentos sociais pró-imperialistas. No Maranhão a CUFA encabeçou um Encontro de Hip Hop tirado da cartola pelo governo para se contrapor as atividades da Marcha da Periferia organizada pelo Quilombo Urbano (ver Governo e CUFA versus 3ª Marcha da Periferia) e na Cidade de Caxias se juntou a TV Difusora ligada ao grupo do senador Edson Lobão para organizar uma batalha de break no mesmo dia em que o grupo Ministério das Favelas (MINFA) realizaria a sua tradição batalha break, já em sua sexta edição. A batalha organizada pelo MINFA trazia como tema “Negro Cosme” o herói da revolta da balaiada. Na semana seguinte a essas atividades a prefeitura desta cidade mandou confeccionar uma cartilha exaltando Duque de Caxias, assassino de Negro Cosme. O apresentador da Batalha da Difusora, era o coordenador da CUFA-MA , conhecido como Billy.
“Se amanhã uma guerra estourar sei que lado vou estar” dizia em uma das músicas o MV Bill pré-global. Mas a guerra estourou no Haiti, nos morros do Rio de Janeiros, nas periferias brasileiras, o governo Lula criou a Força de Segurança Nacional paralelo a invasão do Haiti, e de que lado MV Bill ficou? Do mesmo lado que o mestiço Domingo Jorge Velho – o assassino de Zumbi - ficou quando a revolta negra estourava nas senzalas resultando em construções de quilombos. Claro que a CUFA não vai pegar em armas para assassinar os pretos com fazia os capitães do mato, ela apenas legitima os assassinos de nossa gente. Quando lançou o vídeo Falcões Menino do Trafico, que não mostra que são os grandes traficantes, a Globo elogiou e anunciou: comprem! Comprem! E logo em seguida lançou uma infinidade de programas que apresenta ela, a Globo, salvando vidas de crianças pobres e pretas, divulgando artistas pobres e pretos, a exemplo do programa Central da Periferia, enquanto por outro lado detonava com a política de cotas e exigia que os governos diminuíssem seus gastos sociais. MV Bill legitima a Globo e as forças imperialistas como única via de salvação dos favelados, quando são eles na verdade os responsáveis pelas condições de existência das favelas que cresce assustadoramente em todo o mundo. MV Bill e a CUFA “tá junto e misturado” com a burguesia, então não serve pra favela!
De nosso lado, estamos dispostos a cooperar com qualquer iniciativa de solidariedade ao povo haitiano, desde que ela respeite a sua luta, a sua auto-determinação. Não caímos no engodo de que as tropas brasileiras lá estão para controlar a desenfreada violência das gangues marginais locais. Para isso basta entendermos que todo individuo ou grupo que luta contra uma classe dominante está sujeito a esses rótulos desqualificantes como no caso das FARC - taxada de quadrilha de traficantes – ou mesmo nossos heróis e heroínas que deram suas vidas lutando contra a ditadura civil-militar brasileira, mas que as autoridades e as grandes corporações de comunicação à eles se referiam como assaltantes, seqüestradores e terroristas.
Nós pensamos no Haiti e defendemos que zelar pelo Haiti é, também, através da nossa arte, gritarmos pela retirada das tropas brasileiras daquele país. E por esse manifesto, convidamos grupos, posses, crews, organizações, B. Boys/Girls, graffiteiros/as, MCs e DJs para, juntos, construirmos uma campanha de mobilização para exigir do governo brasileiro a desocupação do Haiti, retirando já o seu exército de lá.
Todo apoio a resistência do povo pobre do Haiti !
Fora as Tropas de ocupação!!!!!
Movimento Hip Hop Militante "Quilombo Brasil"
terça-feira, 7 de julho de 2009
MHMQB: Orgulho de ser periferia, Orgulho de ser Independente, orgulho de ser revolucionário!
Em busca de estruturar seus coordenadores, o Hip Hop governista entrou num mar de lama nunca visto antes com parcerias com instituições assassinas como o Banco Mundial que massacra os povos do terceiro mundo, Rede Globo, partidos neoliberais (do PT ao PSDB), até com a polícia existe projetinho faz de conta. Enquanto isso a juventude negra ver seus sonhos mergulhados no mar de sangue da periferia. Muita gente foi para casa decepcionado com tanta sujeira envolvendo um dos mais autênticos e radicalizados movimentos político e cultural que a juventude negra viu nascer desde os quilombos, mas outros mantiveram-se firmes, resistindo aos assédios da mídia, dos telefonemas com ofertas de emprego em algumas dessas ONG , as calúnias e até ironia de que “trabalho de formiga não rende”. Erraram por julgar as formigas pelo tamanho e não pela coletividade de suas ações. Valeu apenas resistir, estamos orgulhosos de ver o MHM Quilombo Brasil caminhando na contramão daqueles que ajudaram a lavar as mãos sujas de sangue dos “Pilatos” assassinos de nossa gente.
O Hip Hop brasileiro começa a reencontrar-se consigo mesmo e com sua honrosa história de resistência. Uma iniciativa do MHMQB que tem recebido apoio de dezenas de movimentos sociais pelo Brasil é a campanha “Pelo Fim da Guerra Interna na Periferia” que denuncia o genocídio negro resultante desses conflitos, a criminalização da pobreza e propõe uma reação organizativa da periferia contra os poderosos. Do mesmo modo nos dias 19, 20 e 21 de novembro deste ano o MHMQB estará promovendo um grande encontro no Maranhão com suas organizações e seus simpatizantes. O objetivo central desse encontro, além da fundação oficial do MHMQB, é desencandear uma reação em cadeia da juventude negra e pobre contra o racismo, o capitalismo e seus representantes. Mas isso só será possível se esse crescimento do MHMQB for multiplicado tantas outras vezes, se em cada canto deste país estiver um hip hop quilombola organizado A história provou que o Hip Hop governista é um projeto fracassado, servindo apenas para encher o bolso de alguns a custa da ilusão da maioria. Por isso chamamos você que acredita na força da periferia organizada, que acredita na autonomia dos favelados, que acredita que a revolução só poderá ser edificada com as mãos dos oprimidos e não de mãos dadas com os opressores, a vir construir conosco essa ferramenta de luta e organização política e cultural da periferia que é o MHMQB.
NEM GUERRA ENTRE OS POBRES NEM PAZ ENTRE AS CLASSES!
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Haitiano participa de ato no Centro Histórico de São Luís - MA
O Quilombo que desde o ano passado se tornou um espaço de reunião e debate da militância de esquerda e palco das apresentações musicais e grafites do Movimento Hip Hop Organizado Quilombo Urbano (filiado à Conlutas) é rodeado por vários casarões construídos pelas mãos e braços dos negros e negras africanos, explorados e escravizados por séculos pelos europeus.
O contato entre as experiências relatadas pelo militante haitiano e as dos militantes nas periferias maranhenses demonstram que apesar da abolição da escravidão, negros e negras continuam a sofrer com o racismo, o desemprego, os baixos salários e a repressão das polícias.
As atividades da visita do haitiano em São Luís tiveram o apoio da APRUMA, seção do ANDES, Sintrajufe, Sindicato dos Bancários, Quilombo Urbano, ANEL, Conlutas, PSTU e PSOL.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
sexta-feira, 12 de junho de 2009
quarta-feira, 13 de maio de 2009
13 de Maio, 121 anos da Falsa abolição.
O 13 de maio no Brasil é lembrado como o dia da abolição da escravidão, onde as escolas nos ensinam, que com um simples ato de bondade, a princisa Isabel assina a lei áurea e liberta os escravos, acabando com o modo de produção escravista que regeu a sociedade brasileira por mais de três séculos. Infelismente o espaço escolar que era pra ser um lugar de aprendizagem e conhecimento multiracial, já que o Brasil é formado por três raças, vem sendo usado como meio de dominação de um povo sobre o outro. Assim como o modo de produção escravista negou as origens, línguas e história dos povos escravizados, a escola nega as origens, línguas e história dos povos africanos e Indigenas, quando não conta uma outra história fictícia fazendo parecer com que estes povos fossem inferiores aos povos europeus que colonizaram o Brasil. Em 1888 quando a lei Áurea foi assinada, apenas 2% da população ainda permanecia em trabalho escravo, o que levou a burguesia brasileira a criar uma lei para acabar com a escravidão, foi o fato de quer a maioria da população já era livre, liberdade conseguida através das fugas para os Quilombos, que desde o século XV já perturbava o sonho dos senhores de engenho. O segundo fato que levou a criação dessa lei, foi o plano de criar uma heroina branca pra ser glorificada nos marcos históricos como libertadora dos escravos, o terceiro fato, foi a pressão dos paises europeus, não por pena dos pretos e indigenas escravizados, mas pelo o fato que a burguesia mundial entrava na fazer industrial e precisava de pessoas assalariadas para consumir os seus produtos. Assim como a abolição do trafico negreiro imposta pelos britânicos, que não tinha o objetivo de amenizar o sofrimento dos pretos e sim de manter o controle sobre e economia colonial, já que os britânicos tinham escravos o suficiente e não precisavam mais do trafico, a lei Áurea foi mais uma tática da burguesia brasileira contra os povos escravizados. A históriografia brasileiras escrita pelos intelectuais herdeiro do regime escravista, apagou a verdadeira história de lutas dos povos escravizados, que desde o inicio da escravidão se organizou e lutou para preserva suas raizez, antes da chegada dos europeus ao continente latino americano, este já era habitado por povos nativos, que em menos de um século fora exterminados pelos colonizados europeus, que não se conteve de tamanha crueldade contra os nativos e passaram a traficar os africanos para trabalharem como escravo no Brasil.
p/Sonianke, militante do Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão QUILOMBO URBANO e MHM QUILOMBO BRASIL.
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Falcões ou tubarões. Quem são os meninos do tráfico?
Se em todo o processo, da produção ao consumo, a menor parte fica com a favela, por que será que combate ao tráfico na nossa sociedade é sinônimo de operações policiais em favelas? Por dois motivos: 1) enquanto a sociedade acreditar que prendendo ou matando um favelado está se tirando de circulação um traficante; alguns senadores, deputados, prefeitos, secretários estaduais e municipais, ministros e empresários, que são os verdadeiros responsáveis pelo tráfico e beneficiários do grosso do rendimento desse comércio ilícito, continuarão livres e intocáveis em seus cargos e mansões. 2) atribuir à favela a responsabilidade pelo narcotráfico, serve para justificar a violência com a qual o Estado, através da sua policia, age nessas comunidades.
Por isso, o discurso de que traficante é favelado, tem que ser combatido, principalmente por quem é morador e moradora de lá.
Mas, ao contrário disso. MV Bill e Celso Athaide produziram um filme que muito bem serviu para legitimar esse discurso perverso. Com o título "Falcão. Meninos do tráfico" o documentário esconde o perfil dos verdadeiros traficantes, que vivem em luxuosas mansões e coberturas, e expõem aqueles que estão na ponta do processo vendendo a droga e portando as armas que, também não são fabricadas nas favelas.
Quando o governador fascista do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, diz que mulheres faveladas são fábricas de marginais, entendemos que essa mensagem veio preparar o terreno para a ampliação do foco da sua política de extermínio, que até agora, mínima e relativamente, preservou essa parcela da população, que são as mulheres moradoras de comunidades pobres.
Foi quando a declaração do governador estava no auge da sua repercussão, que a imprensa começou a divulgar o novo documentário da dupla Celso/Bill. Pelo nome do novo projeto, "Falcão. Mulheres e o tráfico" pode-se esperar algo parecido com o documentário que o antecedeu.
O filme, combinado com a declaração do governador, prometem ser um ótimo argumento para legitimar a política de extermínio contra a mulher favelada, anunciada nas entrelinhas das ações e declarações de Sergio Cabral.
Entendemos que um documentário que se proponha a fazer revelações sobre o submundo do narcotráfico, deva sair das favelas e passar pelos gabinetes do legislativo, executivo e judiciário, pelas mansões e coberturas da Barra, Alfaville, e outros bairros nobres do país. Entendemos que fábrica de marginais são as políticas de educação, habitação, saúde, trabalho, infra-estrutura, segurança, etc. do Estado - q no filme "Falcão" foi isentado pelo MV Bill, de qualquer responsabilidade sobre a violência.
Essa é apenas uma peça de um enorme quebra-cabeça, que é esse processo já bem avançado de criminalização da pobreza - organizada, ou não - no campo e na cidade. Precisamos estar unidos e organizados. Só assim poderemos enfrentar essa ofensiva da classe dominante que, infelizmente, tem muitos de nós entre seus aliados.
Coletivo de Hip Hop LUTARMADA, Movimento Hip Hop Quilombo Urbano, MHM Quilombo Brasil, Resistência Cangaço Urbano, Ministérios das Favelas, CONLUTE, CONLUTAS, Atividade Interna MMM (Marcha Mundial das Mulheres - RJ), MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados - RJ), CMP (Central de Movimentos Populares), MNLM (Movimento Nacional de Luta Pela Moradia - RJ), FLP (Frente de Luta Popular), Rede de Comunidades e Movimentos Contra Violência.
MOVIMENTO HIP HOP MILITANTE - QUILOMBO BRASIL
UNE/UBES NÃO FALAM EM NOME DA JUVENTUDE DA PERIFERIA!
Durante o último Fórum Social Mundial, em Belém, foi fundado o Movimento Hip Hop Militante – Quilombo Brasil, hoje, integrado pelas seguintes organizações: Quilombo Urbano – MA, (São Luiz - MA), Ministério das Favelas ( Caxias-MA) Coletivo Lutarmada (Rio de Janeiro - RJ), Resistência Cangaço Urbano (Fortaleza-Ce), Atividade Interna (Teresina – PI)
Militante porque somos “muito mais do que artistas”. Somos revolucionários e expressamos através do rap, do break e do grafite a nossa fúria contra as amarras do capital, a nossa sede de liberdade e de justiça para o povo da periferia.
Militante porque não somos governistas. Porque nos opomos frontalmente ao Hip Hop impostor, traidor da favela, aos mercenários da cultura Black que, do interior das ONG`s, tentam domesticar o maior instrumento de luta do povo preto e pobre deste País desde os Quilombos.
Essas ovelhas brancas da raça, esses fãs de canalha, liderados pela podre Central Única das Favelas – CUFA – de MV BILL, realizam “inocentes” parcerias com os carrascos capitalistas que promovem um cotidiano genocídio contra a etnia negra. A começar pelo governo Lula, o “cara” que enviou as “tropas de paz” para exterminar o povo negro do Haiti e que aguarda ordens da ONU para mandar seus cães adestrados para Guiné-Bissau, na Mãe África!
Militante porque somos classistas e não negamos a nossa herança negra, guerreira e indomável, o nosso sangue de Zumbi, Dandara, Malcolm X e Anastácia. Não negociamos a liberdade!
Sendo assim, o Movimento Hip Hop Militante – Quilombo Brasil declara que a UNE/UBES não falam em nome da juventude que habita as periferias brasileiras. Por conta de seu governismo sem vergonha, por conta de sua burocracia gangster, por conta de suas calças arriadas para o capital afirmamos que, para nós, essas entidades estão moribundas e fedorentas. Queremos ser parte da pá de cal que sepultará estes cadáveres, já algum tempo, mortos para luta, já que passaram para o outro lado das barricadas, para o lado das reitorias/diretorias, dos governos e empresários, enfim, da polícia. Cuspimos em seu caixão!
Portanto, apoiamos a construção do Congresso Nacional dos Estudantes, ambicionando unificar e organizar as lutas nacionalmente. Para nós, isso é urgente! Os atuais ataques como os aumentos nas tarifas do transporte público e a limitação da meia cultural, além de serem reflexos da crise econômica da burguesia que tenta jogá-la nas costas da juventude, estão a serviço da transformação das periferias em campos de concentração.
Esse holocausto urbano se dá pela impossibilidade de visitar outros pontos da cidade, pelo acirramento da guerra interna na favela e, principalmente, pelas políticas de segurança e suas polícias exterminadoras que recebem o apoio explícito da UNE/UBES como, por exemplo, a Ronda do Quarteirão em Fortaleza.
“Terra de preto não é gueto, terra de preto é quilombo”! Clamamos a todos os estudantes, a toda juventude da periferia e a todos os militantes do Hip Hop que construam o CNE e contribuam política e culturalmente com o encontro.
Que a juventude favelada seja sim a chama da rebeldia, e que siga firme nos marcos da aliança operária - estudantil. Que a favela se incorpore no CNE com o programa da classe trabalhadora, já que é essa a classe que habita as quebradas.
Vamos à luta a todos os guerreiros e guerreiras que abandonam a velha roupa azul e optam pelo novo, um novo bem vermelho! Todos em frente, vamos ao ataque!
Saudações quilombolas
segunda-feira, 27 de abril de 2009
CRIMNALIZAÇÃO DA ARTE PERIFÉRICA
No dia 9 de abril, o jornal O Dia, ao noticiar uma operação policial ocorrida na véspera em três comunidades de Costa Barros, deu destaque a um graffiti de nossa autoria, tratando-o como uma apologia ao crime. O graffiti traz a imagem de um rapaz de touca ninja, sem camisa, descalço e com duas pistolas nas mãos, ao lado da inscrição Projeto Primeiro Emprego, numa alusão à falta de perspectiva que acomete boa parte da juventude favelada, que a empurra rumo à criminalidade antes mesmo de esses jovens terem o seu primeiro contato com o mercado formal de trabalho.
Essa abordagem tendenciosa e sensacionalista induziu não só os leitores, como outros órgãos jornalísticos, e por conseqüência, seus espectadores, a essa leitura.
Nós do Coletivo de Hip Hop LUTARMADA, autores da obra em questão, temos como marca principal a prática da arte como uma forma de provocar a reflexão sobre a realidade imposta aos viventes das favelas e periferias. Como se não bastasse toda a opressão vivida por sermos pretas/os, pobres, moradores e moradoras dessas comunidades precarizadas, agora a nossa arte também vem sendo atingida nesse processo que criminaliza as vítimas da pobreza. A arte como crônica social sempre existiu e não dá sinais de extinção, porém o tratamento que ela recebe pode ir de um extremo ao oposto dependendo da sua origem. Rapazes brancos de classe média como os das bandas Titãs e Capital Inicial nunca tiveram problemas com a policia por cantarem suas músicas Policia e Veraneio Vascaína, respectivamente. Já no nosso caso, não fossem as militantes dos movimentos sociais, teríamos sido presos
por cantarmos a nossa indignação contra a atuação das forças de segurança pública. Nosso graffiti, injustamente atacado pela imprensa burguesa, bem poderia ilustrar músicas como Meu Guri ou Pivete, do grande e adorado astro da MPB, Chico Buarque.
Feito o contato com o autor da reportagem, ele responde ao melhor estilo José Mariano Beltrame – secretário de segurança pública do Rio de Janeiro – dizendo que se o graffiti estivesse na praia de Copacabana seria entendido como uma denúncia, mas como foi numa comunidade violenta como o Quitanda, o graffiti funciona como apologia ao crime.
O titulo da matéria trata do desenho como “Grafite com afronta às autoridades”. Se não tivesse induzindo leitores e leitoras a associá-lo a criminosos, até poderíamos assumir a afronta, pois sabemos que quando utilizamos a nossa arte para chamar as vítima do flagelo imposto pelo estado burguês para debatermos sobre as raízes do seu flagelo, quando nossa arte desperta a reflexão e o senso crítico da maioria oprimida, quando a nossa arte propõe a organização e a reação do nosso povo contra a minoria que nos oprime, é lógico, sabemos que estamos afrontando as autoridades.
A nossa arte até pode agredir, mas, por mais agressiva que ela seja nunca será tão quanto é a nossa realidade.
Como veículo de propaganda ideológica, o tal jornal cumpriu o seu papel. Como artistas comprometidos com a transformação dessa sociedade carcomida pelas injustiças do sistema capitalista, continuaremos cumprindo o nosso.
Coletivo de Hip Hop LUTARMADA/ Movimento Hip Hop Militante Quilombo Brasil